O engajamento do funcionário também passa pelo seu planejamento de marketing

– É a maior campanha dos últimos anos, temos que fazer muito barulho internamente! – clamavam os gerentes.

– Nunca investimos tanto! Os times de vendas e merchandising precisam se engajar muito pra botar pra quebrar! – decidiam os analistas.

– Precisamos da comunicação interna! – interpelavam os estagiários.

– Tudo muito bom, tudo muito bem. Vocês pensaram em cada detalhe para impactar o consumidor. Mas vocês não estão esquecendo de nada? – perguntava eu, já escolada e reunindo mentalmente todo meu arsenal de argumentos.

Quase toda vez era a mesma coisa: raramente o plano 360º levava em conta aquele que, pra mim, era um dos stakeholders mais importantes da equação: o empregado da empresa.

E, por isso, na maior parte das vezes, não havia mais verba disponível para qualquer ação focada no público interno. Aquele que era responsável por fabricar aqueles novos produtos todos os dias, cuidando da qualidade, era esquecido. Para que os produtos chegassem até as lojas, a empresa inteira dependia dos vendedores.

Esses também eram esquecidos: ou seja, vendiam algo que sequer teriam a chance de experimentar. Para chegar até o estoque dos clientes, precisávamos dos times de logística. Para colocar os produtos da melhor forma possível no ponto de venda, precisávamos dos promotores de vendas, que organizavam os produtos sem saber sequer qual gosto teriam. Nenhum deles estava sendo considerado nos planos não-tão-360º-assim de marketing.

Para potencializar o seu plano, o empregado/colaborador/funcionário, seja lá como você decidir chamá-lo, deve ser sempre o consumidor número zero. Se você quiser que ele se engaje com o seu lançamento, o mínimo que você precisa fazer é considerá-lo. Preferencialmente, e levando em conta que ele é tão parte da empresa quanto você, ele precisa saber em primeira mão. Isto é, antes dos influenciadores e seus milhões de seguidores. Antes dos clientes. Antes dos jornalistas. Antes do produto chegar na prateleira. Mais do que um empregado, ele pode tornar-se um embaixador da sua marca. Quando o funcionário está engajado, ele defende sua marca de graça, faz propaganda espontânea, no mínimo influencia seus familiares e amigos e… pasme, ele também compra!

Quer me ver doida, é o funcionário ficar sabendo de um lançamento junto com todo o resto do mundo. O cara trabalha na empresa e não tem absolutamente nenhum nível de privilégio de acesso à informação? Não entra na minha cabeça e, justamente por isso, essa foi uma cruzada que eu resolvi encarar.

A imagem que a sua empresa e marca tem é formada por um conjunto de percepções: do consumidor, da comunidade ao redor da empresa, dos clientes, dos fornecedores, das lideranças, dos sindicatos, dos empregados

O funcionário que tem orgulho de pertencer àquela empresa veste a camisa nos bons momentos e também nos maus. O engajamento gera resultados financeiros que são mensuráveis. E é por isso que em tooooda reunião eu insistia para incluir os times internos nas ações de sampling. Para não esperar o produto chegar nas prateleiras do mercado para dar a chance a esse time de conhecer em detalhes as novidades.

Não tem dinheiro para dar para todo mundo? Tá tudo bem, também. De que outra forma podemos engajar os funcionários com esse produto? Esse é um dos papéis da comunicação interna & endomarketing consultivos. É isso que me motiva e é pra isso que eu levanto da cama todo dia: engajar, considerar, fazer a diferença e transformar cada funcionário em um embaixador apaixonado.