Eu sou uma sobrevivente. E você?

Os currículos e perfis do LinkedIn elencam as grandes conquistas, prêmios, feitos incríveis, resultados memoráveis. Mas, às vezes, acho que deveriam elencar também os fracassos retumbantes, a superação de dificuldades, mostrando a forma como as pessoas conseguiram se reerguer. Isso por vezes diz muito mais sobre um profissional do que uma sequência de vitórias. Sabe por que? Porque “sh*t happens”. E como a gente responde a elas pode ser a diferença entre um profissional de garra e um que só está mal acostumado.

 

Pepe Mujica disse uma vez que “Triunfar na vida não é ganhar. Triunfar na vida é se levantar de novo cada vez que se cai”. Partindo desse ponto de vida, eu cresci vendo minha mãe triunfar, superar dificuldades e se transformar no melhor exemplo possível para mim. E, bicho, foi providencial, porque como eu caí!

 

Superação de Dificuldades: os presentes ocultos


Sobreviver às dificuldades e querer seguir adiante constrói uma força adicional para enfrentar novos desafios e enfrentar falhas futuras. A gente não vê, mas ao cair, e levantar repetidas vezes, ganhamos flexibilidade, que permite que sejamos resilientes e duráveis conforme as coisas mudam. 


Tombos e dificuldades ensinam você a ser aberto ao aprendizado e ágil ao descobrir o que fazer a seguir. Isso vale para a vida pessoal, mas também para a vida profissional. Nem sempre todas as decisões serão as melhores. Nem sempre as coisas saem como planejamos. Em algumas vezes, a reunião vai acabar mal, o plano de comunicação não vai ser aprovado, a negociação vai sair pela culatra, você não vai conseguir influenciar aquele líder a fazer as coisas como você desejava. Por mais planejamento que se faça, essas coisas às vezes acontecem. E eu sei, por experiência própria, que quando estamos passando por um período muito difícil, esses presentes podem parecer distantes ou irrelevantes – mas são inestimáveis.


Minha experiência


Eu tenho um doc salvo no meu computador com o nome “Superação de dificuldades – Eu sou uma sobrevivente”. Ele nasceu em um dia daqueles em que eu tava me sentindo menos do que a mosquinha do cocô do cavalo do bandido. Depois de muita autocomiseração, parei para pensar só um pouquinho e comecei a escrever sem parar tudo o que eu conseguia lembrar que já tinha acontecido de ruim ou horrível na vida e que no momento eu achava que era o fim para mim e não teria saída ou não superaria jamais.


Momentos que vão desde aquela vez em que eu finalmente consegui realizar meu sonho de andar de avião e, na volta das férias, com um cartão de crédito estourado, fui demitida de um emprego que eu amava, até a vez em que, aos 23 anos, fui parar na UTI e fiquei 15 dias internada às vésperas do Natal, vítima de uma embolia pulmonar, com uma parte do meu pulmão direito necrosada.


Tem coisa engraçada, muito difícil, impublicável ou bem pesada. Mas esse doc é um que eu faço questão de guardar, porque toda vez que eu me sinto sem saída, achando que não vou superar, eu abro para me lembrar de que eu sou, sim, uma sobrevivente. E, apesar de já ter passado por coisas que as pessoas nem imaginam e que muitos sucumbiriam, eu consegui levantar, recomeçar e sorrir. Ainda bem.